José Cardoso Pires no apartamento da Costa da Caparica. Jornal de Letras, 4 de novembro de 1998. Hemeroteca Digital |
Sentei-me então à mesa e escrevi um texto com a memória recente, e a paixão viva, pela sua pessoa de perfil inconfundível como nunca mais encontraria na vida [...] (1)
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A conversa [com Filipa Melo] fez-se a seguir ao almoço. Tom um de dois interlocutores que se conhecem ao ponto de não aceitarem o disfarce. Tema, dentro do possível: José Cardoso Pires troca Lisboa pela Costa de Caparica: o seu dia-a-dia; se o trabalho rende ou não; por exemplo, e para começar, que lugar preenchem os amigos na vida do romancista [...]
— Neste semi-exílio da Caparica passas boa parte da semana sozinho é?
— Sozinho, sim. Sempre. A maior parte do tempo [...]
— Este teu apartamento, compraste-o com os direitos autorais?
— Não, não. Eu tinha dinheiro de várias coisas, e algum também dos direitos autorais, mas que não foi a base [...]
— Antes de vires para a Caparica escrevias em Lisboa?
— Na minha casa de Lisboa? Não. Escerevi de um modo geral noutros sítios, em casas de amigos. Em Lisboa não, porque tinha problemas, havia as miúdas, havia sempre umas lutas bestiais. Eu gosto muito do silêncio, gosto da solidão, não sou capaz de escrever diante de ninguém [...]
Costa da Caparica, José Cardoso Pires. Jornal Público, 27 de outubro de 1998. Hemeroteca Digital |
Escrevo em longos períodos, por vezes sou capaz de estar oito a dez horas sentado a escrever. Sou muito anarca. Quase sempre anda por volta dos três anos o tempo que demoro a escrever um romance. E quase todos os livros que faço têm mais que uma versão. (2)
(1) Lídia Jorge
(2) Jornal de Letras, 4 de novembro de 1998
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