terça-feira, 2 de novembro de 2021

Bem Vinda Seja (TR-41-L)

Trata-se de uma embarcação sem nome, com o número de matrícula TR 41 L (Fig. 2), construída cerca de 1940, adquirida em 1974 pelo Exeter Maritime Museum, cuja coleção conta com várias outras embarcações portuguesas, incluindo outros saveiros, moliceiros, etc. Sobre as suas dimensões apenas sabemos que tem 8,23 m de comprimento.

Costa da Caparica, Pescadores varando os barcos, ed. Passaporte n.° 68, década de 1950.
Delcampe


Segundo as informações colocadas ao nosso dispor, esta embarcação chegou ao Museu britânico muito danificada, sem quase nenhum vestígio de tinta, daí não ter nome, apenas com alguma cor em volta do “olho”. Ainda conforme a informação disponibilizada, a pintura foi recuperada por voluntários ingleses, trabalhando aos domingos, de acordo com a pintura tradicional e, naturalmente, preservando o famoso “olho” característico, ao qual também adiante nos iremos referir com maior detalhe.

Bem Vinda Seja, TR-41-L (Fig. 2).
O Saveiro da Costa da Caparica, Revista MUSA 4, 2014


Contactada a Delegação Marítima da Trafaria, apuramos que a matrícula TR 41 L esteve registada nesta Delegação com a denominação “Bem Vinda Seja”, tendo sido originalmente registada na Delegação Marítima do Barreiro em 1956.

O Exeter Maritime Museum viria a encerrar em 1997, cedendo todas as suas embarcações ao “World of Boats”, situado no porto piscatório de East Berwickshire, em Eyemouth, no centro da costa escocesa oriental, cuja paisagem é Património da Humanidade.

Este Meia-Lua, porém, encontra-se em armazém, conjuntamente com algumas outras embarcações tradicionais portuguesas, não estando na coleção acessível diretamente aos visitantes.

Só foi possível reconstituir a história deste Meia-Lua e ter acesso à sua documentação, a qual anexamos, graças a Mary-Lou Watt, diretora deste museu, a quem muito agradecemos, não só pela simpatia, acessibilidade e prontidão de resposta, mas também, agradecendo através dela, às instituições inglesas e escocesas, por preservarem ainda estas embarcações. (1)


(1) Ricardo Salomão, Meia-Lua: O Saveiro da Costa da Caparica, Revista MUSA 4, 2014

Mais informação:
Ricardo Salomão, Meia-Lua: O Saveiro da Costa da Caparica, Revista MUSA 4, 2014 (capa)
Ricardo Salomão, Meia-Lua: O Saveiro da Costa da Caparica, Revista MUSA 4, 2014 (anexos)

Artigo relacionado:
O Pombinho (TR-32L)



De novo encontrámos o S. Paio, e perto descobrimos o Bem Vinda Seja, aquele que pensáramos ser o Pombinho...

Turistas na praia da Costa da Caparica junto ao meia-lua (Pombinho).
Delcampe

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

À margem do mar, Manuel Tavares Junior

Autodidacta, com tendência para a vida boémia, saltitou de terra em terra, esquissou aguarelas em varadíssimos lugares. Segundo Mário de Oliveira, crítico de arte, o artista foi dos maiores aguarelistas nacionais, pincelando a aguarela, com espontaneidade e grande impulso emocional.

Costa da Caparica, As redes, aguarela de Manuel Tavares, 1964.
Cabral Moncada Leilões

Tem lugar ao lado dos grandes aguarelistas nacionais tais como Alberto de Souza, de quem foi grande admirador e de que são visíveis algumas influências. (1)

Recanto piscatório, Caparica,  Manuel Tavares, 1962.
Veritas

Alguns evocam a venda de aguarelas nos Restauradores (Lisboa) e a visita sem desfalecimento a consultórios de médicos e advogados, comerciantes e industriais, tentando vender as muitas obras que ia produzindo com aparente facilidade.

 Praia da Caparica,  Manuel Tavares, 1956.
Drouot digital



Se a venda não corria de feição, e a receita era magra, poupava nas tintas e nos papéis, mas não renunciava. (2)



(1) Ana Maria Lopes, Manuel Tavares - um aguarelista a fixar... Marintimidades, 2016
(2) Diamantino Vasconcelos, MANUEL TAVARES (1911 - 1974), Pintura e Pintores, 2010

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À margem do rio, Manuel Tavares Junior