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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Descida do Cabedelo

succedeo vir huns dos Saveiros sahindo da costa, que fica ao Sul da trafaria, a donde a dianados bosques, fabricou entre as margens do mesmo Tejo, e reconcavas daquellas penhas, huma celebre anceada, em que os ditos Saveiros vivem a mayor parte do anno aquartellados, em suas cabanas (...) (1)

Costa da Caparica, Descida (e Ponta) do Cabedelo, ed. desc., década de 1920.
Delcampe

Há 15 milhões de anos, deu-se a formação das rochas que constituem a arriba fóssil, sedimentos e fósseis de organismo marinhos, posteriormente a formação da camada superior, constituída por areias e cascalheiras de cor avermelhada. Nesta época a arriba era o limite do território, estava em contacto com a água (...)


Zee Caerte van Portugal Daer inne Begrepen de vermaerde Coopstadt van Lisbone (detail),
Lucas Janszoon Waghenaer, 1586.
Wildernis

A Ponta do Cabedelo, como o nome indica é uma “pequena elevação de areia, na foz de um rio, formada por acumulação de sedimentos fluviais e marinhos”, o que indica também que a Descida do Cabedelo foi outrora inundada por água (...)


El Atlas del Rey Planeta (detalhe), Pedro Teixeira, 1634
La descripción de España y de las costas y puertos de sus reinos

“Esta faixa litoral é preenchida exclusivamente por areias, pelo que até finais do século XlX a paisagem era dominada por dunas e juncais que ocupavam as zonas alagadas com água escorrente da arriba” (cf. Centro de Arqueologia de Almada, Actas do 1º Encontro sobre o Património de Almada e do Seixal, 2012)

Plano hydrographico da barra do porto de Lisboa (detalhe), Francisco M. Pereira da Silva, 1857.
Biblioteca Nacional de Portugal

No entanto denota-se o aparecimento do Convento dos Capuchos (1558) no lugar chamado de Outeiro o que significa “Pequena eminência de terra firme, pequeno monte ou coluna”, no cimo da Arriba que “ (...) mais a ocidente, em lugar recatado e isolado, lhes permitia o sossego necessário ao seu modo de vida.”, e no lugar da Descida do Cabedelo, próximo do Convento, é possível verificar uma linha de água bem demarcada que escorre da Arriba.

Arriba fóssil e Convento dos Capuchos, 1952.
Arquivo Municipal de Lisboa

A Descida do Cabedelo aparece como um rasgo na arriba fóssil, sem vestígios aparentes de água, no entanto quase todo o lugar tem a indicação de poços de água (...)

Costa da Caparica,  ed. Passaporte, 7, década de 1950.
Delcampe

Atualmente já é visível a estrada do Miradouro dos Capuchos que parte do Largo existente, em frente ao Convento dos Capuchos, já construída e que culmina num miradouro construído em cima do local onde foram encontrados vestígios arqueológicos, e que olha sobre a Costa da Caparica e Lisboa.

Costa da Caparica, vista tomada do Alto do Robalo, ed. desc.

Perpendicularmente a esta estrada, um caminho que tem como destino o lugar de um rádio-farol, tornando a Ponta do Cabedelo um lugar apenas de contemplação e manutenção de um rádio-farol existente. (2)


(1) Francisco Guevarz, Nova relação da batalha naval, que tiveram os algaravios com os saveiros nos mares, que confinão com o celebrado paiz da Trafaria, Catalumna, 1750)
(2) Mariana Ferreira Raposo, Entre o Mar e a Terra - Costa da Caparica
Paisagem de Transição: Percurso pedonal entre a Costa da Caparica e o Alto dos Capuchos, 2021


Artigos relacionados:
Arriba Fóssil
Costa do Mar
Mar da Calha
Terras da Costa
Cronologia do Convento dos Capuchos (Caparica)



Como de costume o objecto que se descreve neste apontamento já quase não existe. Creio que do cabedelo aqui referido, que atravessava o juncal misturando-se com a duna,  e do qual restou o escarpado, formaria ainda por 1750 uma enseada no mar... contra o mito que conta que o areal da Costa foi depositado pelo terramoto de 1755 e que antes deste não existiria, como há 15 milhões de anos.

Plano geral que representa a Costa do Mar entre Trafaria e Cabo Espichel (detalhe) de Jacob Crisóstomo Pretorius, datado de 22 de Abril de 1789.
Arquivo Histórico Militar, 3/47/AH-2/6 – nº 18468


Não são poucas as teses, relatórios e artigos que recorrem às anotações e imagens que, com origem em trabalhos precedentes de diversos autores, nestas referências ao longo do tempo venho reunindo e categorizando:

Mar de Caparica
Almada virtual
Eventualmente Lisboa e o Tejo

domingo, 11 de dezembro de 2022

Capuchos de Caparica

Como é sobejamente sabido, mas convém aqui resumir apenas para mais fácil enquadramento temporal, a criação da custódia (só mais tarde Província) da Arrábida teve a sua origem no eremitério na serra do mesmo nome, ocupado por Fr. Martinho de Santa Maria após doação do 1º duque de Aveiro, D. João de Lencastre, em 1539. A custódia afirmou‑se a partir de 1542 com a cedência, pelo mesmo duque, dos terrenos na encosta da serra da Arrábida, que contou com o acompanhamento inicial de Fr. Pedro de Alcântara, que aí viveu por 1541‑1542 – altura em que a ermida passou a convento – e em 1549‑1551.

Frei Martinho de Santa Maria (detalhe), Convento de Santa Maria da Arrábida.
IPTI


Esta criação veio, por um lado, despoletar um processo de aprofundamento e alargamento da influência desta «estreitíssima observância franciscana» e acabou por conduzir à instituição e aprovação canónica, em 1560, da Província da Arrábida, ao mesmo tempo que evidenciou a persistência de tensões que movimentos de reforma anteriores não tinham plenamente vencido, assim como a continuidade de anseios espirituais focados numa maior interioridade e menor expressão exterior (...)

De facto, a sua «Patente, em que ordenava ao nosso Custodio, e mais Religiosos seus súbditos, que tirassem os remendos, capuchos e corda, e guardassem na forma dos Habitos a mesma que os da Recoleição», provocou nos frades capuchos «grande desconsolação» e reação.

As polémicas que daí resultaram, as subsequentes nomeações de custódio e guardiães dos 3 conventos, o breve papal que impunha a mudança de hábito e a bem sucedida intercessão do Infante D. Luís para que mantivessem o seu hábito, remendos e capucho («ainda que este mais curto»), vieram a contribuir para o alargamento da custódia e subsequente passagem a Província.

Roque Gameiro

De facto, a resistência dos frades ao intento de Fr. André da Ínsua e ao breve papal, com a proteção do Infante D. Luís e de D. João de Lencastre, fê‑los vencedores do intento de manutenção do hábito e custódia. E porque o número de frades era já superior à capacidade dos três conventos, aceitaram a «oferta, que lhe fazia Lourenço de Sousa, Aposentador mor, para efeito de fundar um convento com o título de N. Sra da Conceição», numa quinta junto a Mofassem (Murfacém), em 1550.

Deste modo, o convento da Caparica veio a ser o quarto convento, a que se seguiram outros posteriormente. Recorrendo às palavras do mesmo cronista da Província, Fr. António da Piedade, na conhecida passagem do seu Espelho de Penitentes sobre esta fundação, «alguns religiosos da observância», quando Fr. André da Ínsua os obrigou a tirar os remendos e o capucho, quiseram manter‑se na custódia, «ou atraídos da suavidade que exalava a virtude neste ameno jardim da Santidade, ou para moderarem os Capuchos as desconsolaçõens que lhe causara o decreto...».

Convento dos Capuchos, Cruz Louro, 1933.
Delcampe

Contudo, como esse lugar em Mofassem (Murfacém) era «tão pobre e pequeno» e veio a revelar‑se também doentio (como se veio a revelar também o de Palhais) e de pouco sossego por ter próximo um poço de que se servia o povo, Lourenço Pires de Távora, «grande devoto e amante nosso, fidalgo tão ilustre», decidiu pôr «em execução», em 1558, a construção do convento – quando era custódio, pela segunda vez, Fr. Luis Delna –, «em pouca distancia do primeiro, em lugar porèm mais sadio».

E fê‑lo «à sua custa», conseguindo que ficasse pronto no mesmo ano. Todos estes factos são suficientemente conhecidos e divulgados nos estudos e informações sobre este convento, mas é importante tê‑los aqui presentes, para enquadrar alguns matizes das redes religiosas e culturais que de seguida apresentarei.

Além do conhecido patrocínio – e proteção – de Lourenço Pires de Távora na fundação do convento e dos seus frades, também conseguiu, quando foi embaixador de D. Sebastião em Roma, obter do Papa Pio IV, em 30 de setembro de 1560, um Breve que conferia aos fiéis que ouvissem missas celebradas no altar‑mor da Igreja do convento «graças e indulgências» como se as «ditas Missas se celebrassem nos Altares das Igrejas de S. Gregorio na cidade de Roma, de S. Lourenço e S. Sebastião extra muros...».


Congratulação de Lourenço Pires de Távora ao Pontífice Pio IV.
Internet Archive

Não era pequeno privilégio – que também revela a capacidade de influência deste embaixador em Roma, nas palavras de Fr. António da Piedade, «com extremoso affecto venerava o Summo Pontifice a Lourenço Pires, pelas singulares virtudes de que era dotado».

Mas não deixa de ser relevante que estas «graças e indulgências» tenham sido requeridas precisamente para este pequeno convento dos capuchos da Caparica, para onde se retirou em 1569 e onde veio a ser sepultado em 1573.

Mas também se deve realçar o facto, igualmente referido pelo cronista Fr. António da Piedade no Espelho de Penitentes, que a «sua consorte dona Catharina de Távora» (filha de Rui Lourenço de Távora e Joana Ferrer de Acuña e dama da Rainha D. Catarina) era «tão grande amante, e devota nossa, que em sua casa tinha hábitos para os Religiosos vestirem enxutos, quando no tempo do Inverno chegassem molhados».

Ou seja, os frades frequentavam não só a casa destes nobres, como tinham um especial tratamento resultante da forte dedicação de D. Catarina de Távora. E tão forte era esta relação familiar que, pelo testemunho do mesmo cronista, «com a mesma devoção nos tratarão os seus des‑ cendentes, confessando alguns que o seu maior alívio era a nossa companhia».

Acresce ao destes nobres – casados – o, também sabido, «bom agasalho» que lhes deram outras figuras de grande relevo simultaneamente social, político e espiritual na época. Com destaque figuram – porque «neste merecimento se aven‑ tajàrão a todos» – Francisco de Sousa Tavares e sua mulher Dona Maria da Silva, «Fidalgos de conhecida nobreza, os quaes morando na Villa de Almada, apenas vião os Frades, jà os levavão para casa com alegres demonstraçoens do muito que os amavão», tendo mesmo, «para os não divertir dos seus virtuosos exercícios», mandado «fazer hum aposento particular, em que os recolhião».

Costa da Caparica Praia do Sol ed. desc. 56 Ruinas do Convento dos Capuchos.
Delcampe

Esta relação foi já objeto de especial destaque por Silva Dias (Correntes de sentimento religioso) e Pierre Civil (Image et dévotion dans l’Espagne du XVIe siècle: Le traité Norte de Ydiotas de Francisco de Monzón, 1563). Contudo, esta proximidade, uma certa intimidade «portas adentro», merece que nos detenhamos um pouco para, se possível, sobressaírem alguns matizes que, creio, não terão sido ainda explorados nos estudos anteriores que tenho referido.

Em primeiro lugar, a fundação do convento por um leigo casado. Apesar de não ser algo de novo – muitos outros conventos, antes e depois, foram fundados por leigos, casados, maioritariamente da nobreza – este era um nobre fortemente influente na corte, e mais tarde em Roma. À sua custa mandou fazer e viu construído no espaço de um ano o convento, com o título de Nª Senhora da Piedade, na Caparica.

Tê‑lo‑á feito pelo «desejo com que solicitava o nosso alivio e melhor commodo», já que no pequeno convento que lhes doara Lourenço de Sousa em Mofacém em 1550 «experimentarão grandes discommodos na saúde, por ser um lugar muito doentio, e também nos exercícios da Religião, pela vizinhança de hum poço que dava agua ao Povo, com a qual frequência se inquietavam», já que não podiam «evitar o tumulto» que lhes criava esta «vizinhança».

Costa da Caparica, Um pormenor dos Capuchos ed. Passaporte 37.
Delcampe


O silêncio era, como se sabe, uma condição essencial às práticas religiosas, aos exercícios espirituais, incluindo a meditação e a oração mental. Mais tarde, sendo embaixador em Roma, empenhou‑se na criação da Província, tal como o próprio Cardeal D. Henrique.

E talvez o Alvará que mais tarde «mandou passar» o próprio rei D. Sebastião «em que ordena que a prohibição de seus Pinhaes naquele terreno se não entenda connosco, e que possamos mandar cortar a lenha que nos for necessária» se deva à influência direta de Lourenço Pires de Távora... (1)


(1) Maria de Lurdes Correia Fernandes, Os capuchos da Caparica no Portugal de meados do século XVI: entre círculos aristocráticos devotos e (re)leituras espirituais, 2021

Artigos relacionados:
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Cronologia breve da Torre Velha (1 de 3)
Cronologia do Convento dos Capuchos (Caparica)
A Costa romântica de Bulhão Pato
A Costa no século XIX
Restos do Convento e egreja dos Capuchos em Caparica
O guardião dos Capuchos
etc.

Leitura relacionada:
Fr. Antonio da Piedade, Espelho de penitentes e chronica da Provincia de Santa Maria da Arrabida

Historia de Varoens illustres do appellido Tavora, Continuada em os Senhores da caza e morgado de Caparica. Com a rellacam de todos os successos publicos deste Reyno e sus conquistas desde o tempo do Rey D. Joam III (etc.) ... Publicado por Ruy Lourenco de Tavora (etc.)

sábado, 22 de outubro de 2022

A rosa-dos-ventos

Após 1952, a antiga ermida desapareceria por completo, edificando-se em seu lugar uma outra capela, dedicada a Santo António e ladeada por diversos nichos, onde Elpídio Ferreira desenvolveria uma decoração com o recurso a embrechados, que prolongaria na fachada da estufa que então envolvia a capela, de recorte inspirado na traça da frontaria da igreja conventual, bem como nos miradouros construídos junto ao extremo da cerca mais próximo das arribas.


Caparica, Convento dos Capuchos, julho de 1957.
Delcampe, Bosspostcard

Os espaços seriam cuidadosamente ajardinados, jogando com a presença recorrente da água e de recantos decorados com os referidos embrechados ou com painéis em azulejo, alguns provenientes de outros locais do concelho, ou ainda com trabalhos em mosaico, como o que encimava um dos terraços do jardim, representando uma rosa-dos-ventos, evocação tão ao gosto da época, particularmente propícia ã exaltação da gesta dos Descobrimentos. (1)


(1) O Convento dos Capuchos... Catálogo da Exposição, Camara Municipal de Almada, 2014

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Restos do Convento e egreja dos Capuchos em Caparica
O guardião dos Capuchos
etc.

Mais informação:
Convento dos Capuchos: Mutilação ou Restauro?
O uso da tecnologia BIM em património histórico, um caso de estudo: o Convento dos Capuchos da Caparica
J. Luís da Cruz, O convento dos Capuchos da Costa de Caparica, 1954, Composto e impresso na Gráfica do Sul. Cacilhas

domingo, 30 de maio de 2021

Távoras de Caparica

O caso da família Távora é muito interessante porque acabou por "herdar" os bens da família Vasques de Almada, caída em desgraça por se ter bandeado com o Infante D. Pedro na Batalha de Alfarrobeira (1449). 

Armas de Almada chefe, livro do Armeiro-Mor.
Wikipédia

Os Távoras da Caparica foram uma das famílias dominantes e com mais bens na região, junto com os Noronhas/Condes dos Arcos. O primeiro Távora a viver na Caparica foi Alvaro Pires de Távora, que, com os bens dos Almadas que o rei D. Afonso V lhe dera em 1999, fundou o chamado Morgado da Caparica, constituído por uma grande quinta, pinhais e várias terras neste lugar.

Armas de Távora chefe, livro do Armeiro-Mor.
Wikipédia

Já no século xvi, um destes Távoras, Lourenço Pires de Távora, acabou os seus dias nos Capuchos, onde está sepultado;  

Congratulação de Lourenço Pires de Távora ao Pontífice Pio IV.
Internet Archive

Cristóvão e Álvaro, filhos de Lourenço, faleceram em Alcácer Quibir junto com o jovem rei (1578), mas o seu irmão mais novo, Rui Lourenço de Távora, continuaria o morgado, servindo a Coroa como Governador do Algarve (1595-1607) e Vice-Rei da índia (1608-1612).

Rui Lourenço de Távora, 19° Vice-rei da India, 1609/1612.
A Casa Senhorial


O filho deste, Álvaro Pires de Távora, recebeu duas comendas das ordens militares pelos seus serviços na luta contra os Holandeses na Bahia (Brasil) em 1629, e ainda escreveu uma obra laudatória da sua família, que só foi publicada postumamente em 1648, em Paris, pelo seu filho, Rui Lourenço de Távora (2.°), depois falecido nas Guerras da Restauração, no assalto a Badajoz, em 1657. 


Torre Velha, John Thomas Serres, c. 1801.
Catarina Pires no Facebook

O morgado continuou na descendência de um sobrinho-neto, D. José de Menezes e Távora, bisavô de D. Francisco Xavier de Menezes da Silveira Castro e Távora de Rappach, 1.° conde de Caparica (1793) e 1.° marquês de Valada (1813). (1)


(1) Rui Manuel Mesquita Mendes in Luísa Costa Gomes, Da Costa, um flanar pelas praias e montes da Caparica...

sábado, 20 de março de 2021

Lourenço Pires de Távora

Segundo filho de Cristóvão de Távora e de D. Francisca de Sousa, herdaria do pai o morgado de Caparica, por morte precoce do primogénito, Álvaro Pires de Távora. Sabemo-lo ao serviço da capitania de Arzila entre 1526 e 1529, e, em 1535, entre o séquito que acompanha o infante D. Luís no exército que, liderado por Carlos V, conquista a praça de Tunes.

Congratulação de Lourenço Pires de Távora ao Pontífice Pio IV.
Internet Archive

Regressaria ao Norte de África em 1541 como embaixador de D. João IlI junto do rei de Fez. Após uma breve passagem pela Índia, entre 1546 e 1547, onde acompanha D. João de Castro no cerco a Diu, inicia tuna intensa actividade diplomática ao serviço dos monarcas, funções que manteria até pouco antes da sua morte.

Capture of La Goulette.
Tapestry of the series The Conquest of Tunis This Spanish set of the Conquest of Tunis was woven after the original cartoons designed by Jan Cornelis Vermeyen & woven by Wilhelm de Pannemaker in 1549-1551.
Wikipédia

É precisamente na qualidade de embaixador do rei português que percorre muitas das principais cortes da Europa de então, desde a Alemanha de Carlos V à Inglaterra de Maria Tudor, de Castela à França ou aos Países Baixos.


Mapa de Portugal
Fernando Álvares Seco, 1561.
Wikimedia Commons

Entre Abril de 1559 e Abril de 1562, permanece em Roma como embaixador de Portugal junto da Santa Sé, donde regressa para assumir, em finais de 1563, a capitania de Tânger, cujo governo assegura até Abril de 1566. Lourenço Pires de Távora manteria, em simultâneo, importantes funções como conselheiro dos monarcas, intervindo com frequência em assuntos de capital interesse para o reino, desde a politica respeitante às praças africanas aos problemas da sucessão no trono português na menoridade D. Sebastião.

Brasão de armas dos Távoras de Caparica*
(frontispício do Convento dos Capuchos)

Segundo a memória da familia das Távoras redigida por Álvaro Pires de Távora, 7° senhor da Caparica e refundador do convento teria casado com D. Catarina de Távora, dama da rainha D. Catarina, da qual teve pelo menos quatro filhos varões: Cristóvão de Távora, Álvaro Pires de Pávore, Rui Lourenço de Távora e Antónie de Távora, os dois primeiros e o último falecidos ao serviço dos monarcas portugueses no Norte de África, A estes acresceriam, segundo António Caetano de Sousa, pelo menos cinco filhas; D. Joana de Távora, D. Antónia de Távora, D. Francisca de Távora, D. Maria de Távora e D. Paula da Silva. (1)

Roque Gameiro.org

Neste Anno de [1]572 se acha que se entregou a Lourenço Pires [de Távora] a fortaleza de S. Sebastião de Caparica chamada comunmente a Torre velha situada em oposição da de Belém da outra parte do Rio com o intento de ajudar a empedir a entra do porto de Lisboa aos imigos que o intentassem, tinhalhe ElRey [D. Sebastião] prometido a Capitania della desde quando se principiava, e foi o primeiro Capitam que teve logrou a pouco, mas conserva-se em sua casa que anda de juro. (2)

Torre Velha ou Torre de S. Sebastião de Caparica em 1767.
Obecervaçoens trignometricas q. se fizerão no campo nos citios de Bonus Ayrés e caza brancana Tappada Rial de S. Magestade (detalhe).
Biblioteca Nacional de Portugal

Regressando à Caparica no fim da vida, aí vivia a falecer a 15 de Fevereiro de 1573, fazendo-se sepultar no convento capucho, do qual foi o pioneiro padroeiro. (3)



[SEPULTURA] DE LOURENÇO PERIZ DE TAVORA DO CONSELHO DO STADO D EL REI D. SEBASTIÃO. O I DESTE NOME. INSTITUIDOR E PADROEIRO DESTA CASA FALECEO DE  IDADE DE 63 ANOS A 15 DE FEVEREIRO NO ANO DE 1573. AVEMDO CINQVO SOMAVAS QUE DESCANSAVA EN SUA CASA DE 'MUITOS SERVIÇOS QUE FEZ A ESTE REINO NA PAZ E NA GVERRA EN ASIA AFRICA E EVROPA


(1) O Convento dos Capuchos... Catálogo da Exposição, Camara Municipal de Almada, 2014
(2) Ruy Lourenço de Tavora, Historia de varoens illustres do appellido Tavora..., 1648
(3) O Convento dos Capuchos...Idem

Artigos relacionados:
Quinta Távora e Mosteiro da deceda
Cronologia breve da Torre Velha (1 de 3)
Cronologia do Convento dos Capuchos (Caparica)
A Costa romântica de Bulhão Pato
A Costa no século XIX
Restos do Convento e egreja dos Capuchos em Caparica
O guardião dos Capuchos
etc.

Leitura relacionada:
Historia de Varoens illustres do appellido Tavora, Continuada em os Senhores da caza e morgado de Caparica. Com a rellacam de todos os successos publicos deste Reyno e sus conquistas desde o tempo do Rey D. Joam III (etc.) ... Publicado por Ruy Lourenco de Tavora (etc.)



* Os senhores da casa de Távora desde os modificaram o seu brasão, acrescentando em bordadura a divisa QUASCUNQUE FINDIT, e passando o golfinho do timbre para o centro do escudo. Destas armas, assim alteradas, usaram ùnicamente os marqueses de Távora, os condes de Alvor, e, talvez, os de S. Vicente [cf. Anselmo Braamcamp Freire, Brasões da Sala de Sintra, Vol. III, p. 109].

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O guardião dos Capuchos

"O guardião dos Capuchos abriu-se connosco um bocadinho e tem boas razões o bom do velho", o que não é senão uma crítica mordaz ao estado em que o convento se encontrava.

Roque Gameiro.org

Ele [Norberto de Araújo] imagina uma entrevista com o velho frei Bernardo:

— Há quantos anos está aqui de guardião?

— Desde 1558 que foi quando o senhor D. Lourenço, que Deus guarde, me trouxe para aqui dos Capuchos da Arrábida. Aqui tem a lápide do túmulo que foi de D. Lourenço, morgado da Caparica, o fundador do convento que foi nesta nave sepultado.

— Quantos anos conta frei Bernardo?

— Quatrocentos e doze de idade!

— E está disposto a viver muito tempo ainda?

—  Enquanto durarem os Capuchos...

Costa da Caparica - Convento dos Capuchos 
Ed. Comissão Municipal de Turismo (fotografia original de Mário Novais)

O que é facto é que a sua campanha resultou e o convento foi restaurado, como se pode ver, pois logo a seguir à publicação deste artigo sai a boa notícia:


"A Câmara de Almada resolveu comprar os Capuchos". (1)


(1) Jornal Praia do Sol, 1 de fevereiro de 1950, cf. Sabe quem foi Norberto de Araújo? (excerto), 1971, RTP Arquivos

Artigos relacionados (Convento dos Capuchos):
Mar de Caparica
Almada Virtual Museum

Artigos relacionados (Norberto de Araújo):
As meninas da Torre
Atragédia do Pensativo por Norberto de Araújo (a publicar)

Mais informação:
O Convento dos Capuchos, Vida, Memória, Identidade, Catálogo da Exposição

domingo, 25 de novembro de 2018

Restos do Convento e egreja dos Capuchos em Caparica

Fora fundado em 1564 por D. Lourenço Pires de Tavora, quarto senhor de Caparica, o convento de capuchos arrabidos, cujas ruinas a nossa gravura reproduz.

Roque Gameiro.org

Na egreja d'este convento está o túmulo do seu fundador, que falleceu a 15 de fevereiro de 1573. D. Lourenço Pires de Tavora fora embaixador de Portugal em Hespanha, sendo imperador Carlos V.

Caparica é povoação situada em frente de Lisboa, na margem esquerda do Tejo. É de fundação muito an­tiga, dando-se ao nome que ella tem, de Caparica, duas tradições muito curiosas, segundo refere Pinho Leal, no seu Portugal antigo e moderno.

Uns dizem que morrendo aqui um velho, declarou no testamento que deixava a sua capa para ser vendida e com o producto da venda se fazer uma capella a Nossa Senhora do Monte. Fez isto rir bastante; mas, sabidas as contas, a boa da capa estava recheiada de bellos dobrões de ouro, que chegaram de sobra para a fundação da capella.

A segunda versão é que, sen­do a Senhora do Monte de muita devoção para estes povos e limitrophes, concorreram todos para se lhe fazer uma esplendida capa, pelo que a Senhora ficou d'ahi em deante sendo conhecida por Nossa Senhora da Capa Rica. (1)


(1) Manuel Pinheiro Chagas, História de Portugal, popular e ilustrada, Volume 4,
cf. Roque Gameiro.org


Artigos relacionados:
Quinta Távora e Mosteiro da deceda
A Costa romântica de Bulhão Pato
Freguesia de Caparica no século XIX

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Costa da Caparica por Raul Brandão em 1923

Do outro o mar azul metendo-se, num jorro enorme, pela ampla barra de Lisboa, deslumbrante e majestosa. De onde isto é esplêndido é acolá do alto do convento dos Capuchos. (1)

Miradouro do Convento dos Capuchos, ed. Passaporte, 57, 1966
Imagem: Delcampe

Da horrível Trafaria à Caparica gastam-se dezoito minutos num carrinho pela estrada através do pinheiral plantado há pouco. 

A Praia do Sol, Um trecho da estrada para Trafaria, ed. Acção Bíblica/Casa da Bíblia, 112
Imagem: Delcampe

Os pinheiros são mansos, anainhos e inocentes: — os pinheiros novos são como bichos novos e têm o mesmo encanto. 

Ao lado esquerdo desdobra-se o grande morro vermelho a esboroar, e ao outro lado o terreno extenso e plano rasgado de valas encharcadas. De repente uma curva, algumas casotas cobertas de colmo — Caparica. 

Cabanas junto ao mar, Falcão Trigoso, óleo sobre madeira, 1925
Imagem: Cabral Moncada Leilões

Primitivamente isto foi um grupo de barracas que os pescadores aqui ergueram neste esplêndido sítio de pesca, à boca da barra, a dois passos do grande consumidor. Têm um ar ainda mais humilde que os palheiros de Mira ou Costa Nova. 

Quatro tábuas e um tecto de colmo negro com remendos deitados cada ano: alguns reluzem e conservam ainda as espigas debulhadas do painço.

A Praia do Sol, As primitivas barracas dos pescadores, ed. Acção Bíblica/Casa da Bíblia, 111
Imagem: Delcampe

No imenso areal o barco da duna, sempre o mesmo barco, maior ou mais pequeno, próprio para a arrebentação, de proa e popa erguidas para o céu. 

Praia do Sol, Caparica, ed. José Nunes da Silva, s/n
Imagem: Delcampe

Trabalham seis companhas em catorze barcos. Já trabalharam oito. Cada barco emprega vinte e um homens, contando dez que ficam em terra. 

Costa da Caparica, Entrando no mar, ed. Acção Bíblica/Casa da Bíblia, s/n, cliché João Martins
Imagem: Delcampe

Usam quatro remos: um grande de cada lado e dois pequenos, servindo os maiores para aguentar o barco quando as águas puxam e se vai ao mar a risco. 

A cada remo grande agarram-se três homens e dois aos mais pequenos. O espadilheiro guia o barco com outro remo – a espadilha. Quando há muito peixe fazem-se três lanços cada dia, e trabalha-se todo o ano se o mar deixa. A rede é a de arrasto para a terra.

O barco sai ao mar deixando um cabo nas mãos dos dez homens que ficam no areal, e vai-o largando pouco e pouco — cinquenta e tantas cordas de dezoito braças cada uma. 

Quando o arrais acha que se deve largar a rede, diz: — Em nome da Senhora da Conceição, rede ao mar! – E larga-se o calão, em seguida o alar, depois o saco, e por fim o outro alar e o calão, trazendo-se a corda para a terra. Abica, salta a tripulação e com os homens de terra arrastam a rede. 

Apanha-se sardinha, carapau, e às vezes, em lanços de sorte, e quando menos se espera, a corvina, alguma raia, pargo e linguado. 

Costa da Caparica, Pescadores arrastando o seu barco, ed. Passaporte, 371
Imagem: Delcampe

Uma grande extensão de areal, só areia e mar, barcos como crescentes encalhados e alguns pescadores remendando as redes. 

Costa da Caparica, ed. Acção Bíblica/Casa da Bíblia, s/n
Imagem: Delcampe

Nem um penedo. Areia e céu, mar e céu. Dum lado o formidável paredão vermelho, a pique, desmaiando pouco e pouco, até entrar pelo mar dentro todo roxo, no cabo Espichel. 

Assombro de luz e cor. Amplidão. As casotas da Caparica aos pés, o mar ilimitado em frente, ao fundo e à direita a linha recortada da serra de Sintra com as casinhas de Cascais e Oeiras no primeiro plano esparsas num verde-amarelado... 

E luz? E o prodígio da luz?... A gente está tão afeita à luz que não repara nela e trata como uma coisa conhecida e velha este azul que nos envolve e penetra e que desaba em torrentes sobre as águas verdes desmaiadas e sobre as terras amarelas e vermelhas até ao cabo Espichel... 

Mas fecho os olhos – abro os olhos... Imensa vida azul – jorros sobre jorros magnéticos. Todo o azul estremece e vem até mim em constante vibração.

Costa da Caparica, ed. desc.

Quem sai da obscuridade para a luz é que repara e estaca de assombro diante deste ser, tão vivo que estonteia... (2)


(1) Raul Brandão, Os Pescadores, Paris, Ailland, 1923, 326 págs, 127,7 MB
(2) Raul Brandão, idem

sábado, 4 de junho de 2016

Quinta Távora e Mosteiro da deceda

Mapa de Portugal
Fernando Álvares Seco, 1561
Imagem: Wikimedia Commons
Quando D. Sebastião foi aclamado rei (1557), preparou-se uma embaixada a Roma, para tratar de importantes assuntos de Estado. O embaixador escolhido foi Lourenço Pires de Távora (1510-1573), que chegou a Roma em Junho de 1559. 

Guido Sforza, cardeal protector de Portugal, terá então recebido de Estaço um particular presente: um mapa de Portugal, preparado por Fernando Álvares Seco (fl. 1560), cartógrafo de quem pouco ou nada se sabe.

Dois pormenores foram introduzidos, que delatam o autor, como acontecia muitas vezes nas telas de mestres pintores: a “Quinta dos Secos”, perto de Tomar, e a “Quinta Távora”, morgadio da família do embaixador, na península de Setúbal. (1)

O mapa de Portugal de FERNANDO ALVARO SECO, publicado em Roma em 1561 é provavelmente o primeiro mapa de conjunto do território nacional, serviu de base a toda a cartografia do país que se imprimiu durante um século.

Mapa de Portugal, Fernando Álvares Seco, 1561
Imagem: Wikimedia Commons (detalhe)

Cem anos depois, em 1662, era dada a conhecer em Madrid a «descrição do reino de Portugal...» de PEDRO TEIXEIRA ALBERNAZ que durante outro século serviria de modelo às edições de mapas de Portugal que entretanto iam surgindo. 

... numa data em que ainda não era possível o conhecimento exacto das longitudes, o país aparece distorcido, se bem que as posições das várias povoações na maioria não apresentem grandes desvios em relação às suas localizações reais. Contrariamente ao que era seguido nos mapas árabes (com o Sul para a parte superior) e na cartografia europeia a partir de meados do século XVI (com o Norte para cima), A. SECO orienta Portugal com o Ocidente para cima.

No mapa de 1662... desaparecem, na península da Arrábida, as representações gráficas bem destacadas de Sesimbra, Mosteiro da Deceda (não identificado) e Quinta Tauora (St.° António dos Capuchos — Caparica). (2)

Nas ruínas do convento de Santo António na Caparica
Alfredo Keil, óleo
Imagem: Rui Manuel Mesquita Mendes

Lourenço Pires de Távora mandou erguer, em 1558, o Convento dos Capuchos para alojar uma comunidade religiosa de frades arrábidos vinda da Quinta da Conceição, em Murfacém (Trafaria), onde ficaram durante mais de três séculos.

O crescimento da comunidade e a pobreza inicial do convento obrigaram a consecutivas obras de ampliação e beneficiação do edifício, com a reconstrução dos dormitórios (1618) e da própria capela, acrescida, em 1630, do coro alto e do alpendre.


Em março de 1834, o convento foi extinto por portaria do Duque de Bragança, possivelmente pelo alinhamento de parte da comunidade religiosa a favor dos absolutistas no contexto da guerra civil de 1832-34.

A extinção dos Capuchos marcou o início de uma etapa atribulada e ainda mal conhecida, que levou ao abandono do antigo Convento, à completa pilhagem do seu recheio e à gradual ruína do edifício.

Costa da Caparica - Convento dos Capuchos
Ed. Comissão Municipal de Turismo (fotografia original de Mário Novais)

Depois de passar pela posse de vários proprietários particulares, foi adquirido, em 1950, [e restaurado em 1952,] pela Câmara Municipal de Almada, que iniciou a sua requalificação em 2000. (3)

O declínio do convento coincide com a queda dos Távoras. A família Távora foi perseguida pelo Marquês de Pombal e os seus membros foram cruel e impiedosamente executados em 13 de Janeiro de 1759, sob a acusação de terem conspirado para assassinar o rei D. José I de Portugal.

Quando se procedeu ao seu restauro em 1952, foram colocados painéis de azulejo, que têm como tema os sermões de Santo António e o retábulo em talha oferecido pelo Director do Museu de Arte Antiga (Lisboa). (4)

Costa da Caparica, Almada, Convento dos Capuchos (após o restauro em 1952)
Ed. Passaporte, 32
Imagem: Fundação Portimagem


O alto dos Capuchos é o lugar no extremo poente da Vila Nova, muito perto perto da arriba da Costa de Caparica.

Costa da Caparica, Almada, Miradouro dos Capuchos e Caparica
Ed. Passaporte, 30

O lugar, que outrora era o "Outeiro do Funchal", colhe o seu nome dos franciscanos arrábidos conhecidos por "capuchos" para os quais foi construído o convento, em 1558 por Lourenço Pires de Távora, Senhor de Caparica, que reservou para si túmulo na igreja, em cripta agora vazia.

Contornando por Norte e Oeste o alto dos Capuchos passa o caminho que no Século XVIII é mencionado como "descida" e que era o acesso mais fácil às praias da Costa. (5) 

A Praia do Sol - Uma vista parcial. Subida para os "Capuchos".
Ed. Acção Bíblica/Casa da Bíblia, 110
Imagem: Fundação Portimagem


(1) BNP adquire exemplar do mais antigo mapa de Portugal (1561)
(2) O povoamento a sul do Tejo nos séculos XVI e XVII
(3) A história do Convento dos Capuchos em exposição, Câmara Municipal de Almada, Nota de imprensa, 19 de junho de 2013
(4) Convento dos Capuchos (Caparica), Wikipedia 
(5) Pereira de Sousa, R. H., Almada, Toponímia e História, Almada, Biblioteca Municipal, Câmara Municipal de Almada, 2003, 259 págs.