quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Companha do Anjo da Guarda (na faina da arribação)

Embora existissem outras artes de pesca, a Arte Xávega que pescava desde o S. João (24 de Junho) até finais de Outubro sempre que o mar o permitia, era responsável por trazer na faina muitos homens e mulheres divididos em companhas, termo que na Arte Xávega designa as pessoas, as redes e o próprio barco.

Costa da Caparica, colecção Passaporte-Loty n° 64, Pescadores enrolando as cordas da rede, c. 1960.
Delcampre

Em cada companha imperavam os laços de parentesco e de origem, sendo cada uma conhecida pelo nome do barco com que pescavam. Estavam subordinados a uma hierarquia rigorosa em que cada um dos membros ocupava um lugar específico em função das tarefas que desempenhava na faina da pesca. 

Costa da Caparica, colecção Passaporte-Loty n° 65, Pescadores varando um barco, c. 1960.
Delcampre

A companha era uma espécie de família alargada, formando um grupo coeso em permanente competição com as outras companhas, rivalizando no sucesso dos lanços, através da quantidade e qualidade do peixe trazido à praia em cada lanço.

Costa da Caparica, colecção Passaporte-Loty n° 66, Pescadores arrastando o seu barco, c. 1960.
Delcampre

Não é possível descrever aqui a dureza do trabalho quando a pesca se realizava sem recurso a quaisquer meios mecânicos e todo o esforço no mar e em terra era realizado por músculos humanos. (1) 

Costa da Caparica, colecção Passaporte-Loty n° 67, Pescadores arrastando o seu barco, c. 1960.
Delcampre

Contudo, enquanto tentativa de aproximação faremos uma descrição resumida e necessariamente incompleta da composição da companha e dos principais momentos que pontuavam cada lanço da Arte Xávega. (1)



(1) Francisco Silva, Costa Fronteira, Fronteiras Urbanas Ensaios sobre a humanização do espaço, 2014

Informação relacionada:
O Património Marítimo-Fluvial. Um Valioso Bem Cultural a Preservar.

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