sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sou pobre Caparicano... (fado do Virgílio)

Apesar de ser pequeno
E viver junto do mar,
O "fadinho" sei cantar
No estilo mais ameno;
Para mim não há "empeno"

Costa da Caparica, turistas, 1938.
Imagem: Delcampe, Bosspostcard

A cantá-lo não me engano,
Porque sou um lusitano,
E, por êle, apaixonado,
Por isso, a cantar o fado,
"Sou o rival do Menano".

Filhos de pescadores da Costa da Caparica, 1933.
Imagem: Hemeroteca Digital

E toda a gente se encanta
Ao ouvir a minha voz,
Por aí corre veloz
A fama desta garganta;
A mim já nada me espanta

Grupo de veraneantes na Costa da Caparica, 1933.
Imagem: Delcampe

Que, em breve, esteja no rol
Dos grandes cantores de escol
Que assombram com sua Arte,
Pois eu, a modéstia aparte,
"Canto como um rouxinol"...

Costa da Caparica, turistas posam à proa de um "Meia Lua".
Imagem: Delcampe, Bosspostcard

Embora eu ande descalço
E pobremento vestido,
Por todos sou bem-querido
Pois não tenho olhar de falso;
Da Honra sigo no encalço,

Costa da Caparica, Wolfgang Sievers, 1935.
Imagem: eBay

Por ser um dever humano,
O meu trabalho é insano
Para não pedir esmola,
E dizê-lo me consola:
"Sou pobre Caparicano".

O repórter de O Século, ouvindo alguns pescadores da Costa da Caparica sobre a grave crise que atravessam, 1938.
Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo

Aos domingos venho à praia
Vêr mulheres quási nuas
Que, em Lisboa, pelas ruas,
Usam mui comprida a saia,
E quando no céu espraia

Veraneantes na Costa da Caparica, 1938.
Imagem: Dias que Voam

Seus lindos raios, o sol,
E enquanto dura o "briol"
E fazem bem às barrigas,
Eu canto as minhas cantigas
"E alegro a "Praia do Sol". (1)


(1) Lima Pereira, Ilustração n.° 14, 1933

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