E viver junto do mar,
O "fadinho" sei cantar
No estilo mais ameno;
Para mim não há "empeno"
Costa da Caparica, turistas, 1938. Imagem: Delcampe, Bosspostcard |
A cantá-lo não me engano,
Porque sou um lusitano,
E, por êle, apaixonado,
Por isso, a cantar o fado,
"Sou o rival do Menano".
Filhos de pescadores da Costa da Caparica, 1933. Imagem: Hemeroteca Digital |
E toda a gente se encanta
Ao ouvir a minha voz,
Por aí corre veloz
A fama desta garganta;
A mim já nada me espanta
Grupo de veraneantes na Costa da Caparica, 1933. Imagem: Delcampe |
Que, em breve, esteja no rol
Dos grandes cantores de escol
Que assombram com sua Arte,
Pois eu, a modéstia aparte,
"Canto como um rouxinol"...
Costa da Caparica, turistas posam à proa de um "Meia Lua". Imagem: Delcampe, Bosspostcard |
Embora eu ande descalço
E pobremento vestido,
Por todos sou bem-querido
Pois não tenho olhar de falso;
Da Honra sigo no encalço,
Costa da Caparica, Wolfgang Sievers, 1935. Imagem: eBay |
Por ser um dever humano,
O meu trabalho é insano
Para não pedir esmola,
E dizê-lo me consola:
"Sou pobre Caparicano".
O repórter de O Século, ouvindo alguns pescadores da Costa da Caparica sobre a grave crise que atravessam, 1938. Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo |
Aos domingos venho à praia
Vêr mulheres quási nuas
Que, em Lisboa, pelas ruas,
Usam mui comprida a saia,
E quando no céu espraia
Veraneantes na Costa da Caparica, 1938. Imagem: Dias que Voam |
Seus lindos raios, o sol,
E enquanto dura o "briol"
E fazem bem às barrigas,
Eu canto as minhas cantigas
"E alegro a "Praia do Sol". (1)
(1) Lima Pereira, Ilustração n.° 14, 1933
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