Para lá da mata fica
— rindo ao sol que alegra o dia —
a Costa da Caparica.
Costa da Caparica, Vista parcial da Praia, ed. Passaporte, 19. Imagem: Delcampe |
Toma-se o barco em Belem
ou no Terreiro do Paço
e o trajecto faz-se bem,
sem delongas nem cansaço.
Trafaria, o e mbarcadouro, Mário Novais, década de 1940. Imagem: Fundação Calouste Gulbenkian |
Aos domingos, no entretanto,
é quase tôla aventura...
perde metade do encanto;
torna-se numa tortura.
Trafaria, o e mbarcadouro, Mário Novais, década de 1940. Imagem: Fundação Calouste Gulbenkian |
Só visto, aquilo!... Porém,
O sol trespassa os telhados;
Lisboa não se contém,
e os barcos vão apinhados! [...]
Trafaria, vista parcial, Mário Novais, década de 1940. Imagem: Fundação Calouste Gulbenkian |
Mas um dia... dura um dia!
E assim que o dia falece,
Na estrada da Trafaria,
a barafunda ensurdece!
Trafaria, paragem de autocarros, Mário Novais, década de 1940. Imagem: Fundação Calouste Gulbenkian |
Todo o anseio se resume
em topar qualquer transporte
e paira um vago perfume
das romarias do norte
Costa da Caparica, Um aspecto da praia à hora do banho, ed.Passaporte, 17. Imagem: Delcampe |
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Costa da Caparica, Um aspecto da praia à hora do banho, ed.Passaporte, 16. Imagem: Delcampe |
no trânsito buliçoso
e nos que vão a cantar,
para não ser tão penoso
o caminho a palmilhar...
Trafaria, ponte de embarque, c. 1960. Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa |
A travessia do Tejo
torna-se longa... Começa
a sentir um só desejo:
— Chegar a casa depressa!
Cais de embarque da Trafaria, década de 1960. Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa |
E Lisboa nem parece
Lisboa, triste, cansada,
quando por fim adormece
já quase de madrugada... (1)
(1) Silva Tavares, Um domingo na Praia, Calendário de Lisboa, Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1948