quarta-feira, 18 de maio de 2016

Pescadores da Costa em 1900

A esperança, a esperança! ... O mar longe, movido
Solta, de quando em quando, um lúgubre gemido...

Costa de Caparica, Alberto Carlos Lima, colégio do Menino Jesus e casas típicas de pescadores, década de 1900.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

O pescador da Costa abandona a cabana;
Deixa filhos, mulher!... Na carreira vesana
Vae perguntar trabalho, e sem poder lograr
Companha, que se afoite ao truculento mar!

Costa de Caparica, Alberto Carlos Lima, pescadores lançando uma embarcação ao mar, década de 1900.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

No areal da Costa não rebenta a vaga;
Todo o mar sereno! Pobre pescador!...
Lança em vão os olhos... Da deserta plaga
Não descobre ao longe nem signal, que traga
Negra de sardinhas, ondulando á flor!

Costa de Caparica, Alberto Carlos Lima, pescadores puxando uma embarcação para terra, década de 1900.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Não seja o tempo fatal
Aos do mar, e ao pescador;
Que o mais este vendaval
É propicio ao lavrador!

Costa de Caparica, Alberto Carlos Lima, pescadores lançando uma embarcação ao mar (inv.), década de 1900.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Pesado estoira o mar, pelo areal da Costa;
Sibila, range, estrala, o pinheiral da encosta! (1)


(1) Raimundo António de Bulhão Pato, Livro do Monte, georgicas, lyricas, 1896, Typographia da Academia, Lisboa.

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